O Fale Por Eles, é um blog criado por alunos de Graduação do curso de letras da Universidade Federal de Minas Gerais voltado para a publicação de atividades/trabalhos feitos em sala de aula, portanto seu caráter é avaliativo. Seu conteúdo é direcionado a todo tipo de público, suas postagens de fácil entendimento e cores que facilitam a visualização.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Estranho Amor

Vejo beleza nos seus defeitos
No andar desengonçado
A forma como mexe os cabelos
Recém-lavados

Há bondade quando briga comigo
Na sua fúria desenfreada
É tudo tão normal, mas já não sei
Se você de fato existe, ou se te inventei

Parece estranho esse amor
Tão montanha-russa
Um dia acalma, no outro assusta

É de se duvidar
Como posso relevar
Qualquer erro, por tanto amar.

Produzido por Keila Guedes a partir do poema "Amor Feinho" de Adélia Prado

Que horas são?

Café na mesa
Que horas são?
Guardei seu lugar
Mas a semana acabou
O ano novo chegou
O café esfriou
E você não retornou

Guardei seu lugar na minha vida
Que horas são?
O frio chegou
A rosa brotou
A vida seguiu
E você sumiu

Só restou o vestido
Que de tanto tempo esperando
Amarelou no guarda-roupa
Tola eu, que fiquei aguardando
Alguém que foi embora
Procurar no mundo lá fora
O amor que tanto quis te dar
Que horas são?

Produzido por Keila guedes a partir do poema " Caso do Vestido" de Drummond

Troféu de dor

Você nunca percebeu, mas guardei a blusa que você usava quando descobri que eu não era a única pessoa em sua vida.
Um dia depois fui á nosso ex-apartamento recolher minhas coisas, tinha vários objetos que fizeram parte dos melhores momentos da nossa vida, que eu acreditei serem verdadeiros.
Esses objetos nem toquei porque já não me interessavam mais, assim como o seu amor.
Levei comigo a blusa cúmplice daquele momento tão doloroso, e a pendurei em um lugar bem visível para sempre que olhar me lembrar da única coisa real do que vivi, a dor de uma traição.
Muitas pessoas quando entram em meu quarto me perguntam porque tenho em minha parede uma blusa masculina já desgastada pelo tempo pendurada em meu quarto, eu já como um gesto já automático respondo:
-Esta blusa é o meu troféu de dor.



Produzido por Kelly Cristina a partir do poema “Caso do vestido “ de Drummond de Andrade.

E agora cidadão?

E agora cidadão?
O desemprego o encontrou,
A luz aumentou,
os empregos sumiram,
a noite esfumaçou,
E agora cidadão?
A mulher te deixou ,
e te cobra a pensão,
e agora decepcionado ,
é um homem amargurado,
nada tem solução.

E agora cidadão?

Com a mala na mão,
só há duas opções :
pedir esmolas nas ruas,
ou virar um ladrão.

E agora cidadão?

Cadê as paredes que te protegiam?
E os que diziam seus amigos,
são os que agora te ignoram.
Sozinho na rua agora esta deitado no chão,
Com sua nova cama ,
que não passa de um amontoado de papelão.




Produzido por Kelly Cristina a partir do poema “José” de Drummond de Andrade.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Arte Como Filosofia de Vida

Ser inútil, que necessita se sentir belo para achar que é alguém; o ser humano cuida dos cabelos, do corpo, na tentativa de preencher um espaço branco em sua vida. O que se possui, ou simplesmente o que ele é não é suficiente para que se sinta completo. A maioria se dispõe a buscar ajuda divina no intuito de encontrar consolo para suas almas, mas muitos se desesperam caindo em ruínas. Esta é a observação que Adélia Prado faz em sua palestra sobre “Arte e Humanização”. Adélia acredita ser a arte a resposta para tudo que procuramos encontrar para saciar essa sede que temos em nosso íntimo e que nada, nem mesmo ajuda divina na maioria das vezes não é capaz de resolver - “A resposta religiosa ajuda, mas a resposta da arte nos inunda fortemente” diz Adélia. Diante deste critério, Adélia defende a ideia de que a arte é uma maneira de desabafarmos; que diante da arte ficamos sem ação. Como forma de expressão, a arte nos permite externar que a maldade e a bondade são partes importantes e que estão em nós, no nosso interior. A arte nos permite valorizar o simples e abandonado tornando-o visível e exuberante; um exemplo disso é uma árvore seca no meio de um pasto de nada mais serve senão para ser cortada e transformada em lenha ou carvão. A arte vem, e encontra nessa árvore uma beleza que a faz virar um artigo de decoração; seja em forma de fotografia, pintura, ou mesmo depois de passar pelas mãos habilidosas de um carpinteiro essa árvore vira um lindo móvel útil e belo na varanda de uma casa qualquer. A arte nos leva a entender a água não apenas como uma composição química H2O, mas como algo essencial para a vida em geral. Não só porque precisamos beber água, cozinhar ou tomar banho, mas porque a singeleza da água em forma de poesia encanta; no banho lavar o suor não é tudo o que a água faz; a água que percorre o nosso corpo serve de inspiração para todos nós seja de maneira física – nos convidando a pensar em sexo- ou de maneira filosófica, que nos leva a meditar na arte de escrever. Seguindo o raciocínio de Adélia, diria que a arte assim como a água se faz muito necessária nossas vidas.







Produzido a partir da palestra “Arte e Humanização” de Adélia Prado.Por Flávia Aparecida Andrade




Uma Estrela se Apaga



De origem simples e muito apegada à família sobretudo com seu pai; Amy Winehouse descobre, ainda na juventude, o talento para a música. Logo na primeira apresentação – feita em um escritório - Amy canta usando como instrumento apenas um violão e já surpreende a todos os presentes.

A partir daí, Amy começa a se apresentar em boates, bares, e a cada dia segue conquistando mais e mais admiradores de seu trabalho desde as crianças até os idosos.

Ganhando espaço, dinheiro e fama; Amy Winehouse parece esquecer-se de si mesma se entregando a uma vida conturbada cheia de álcool e drogas. A culpa de tudo isso Amy coloca no ex-namorado que terminou um relacionamento em que ela se envolveu de maneira muito intensa. Os conselhos do pai e de amigos, nada disso faz com que Amy venha procurar uma clínica para tratar desta doença que vem destruindo sua vida aos poucos.

Em seu documentário intitulado “Eu disse a você que eu era uma droga”, Amy não consegue esconder a tristeza, a depressão que facilmente se observa em seus olhos e em seu corpo já deficiente de massa e abundante em fragilidade. Talvez o orgulho de Amy a tenha levado a esse precipício; mas onde estavam seus amigos verdadeiros? E Deus? Não consegui encontrá-lo na vida de Amy.

Na canção “Rehab”, alguém pergunta a Amy porque ela acha que esta aqui nesta terra; sua resposta é simplesmente: “Não tenho ideia”. Penso eu que alguém tentou ajudar Amy espiritualmente falando, mas não acreditando em uma solução para sua vida, ela continua irredutível se deixando levar pela depressão. Embora tudo seja diferente para quem está vivendo uma situação como a de Amy, sua única preocupação era em não deixar com que as pessoas pensassem que ela estava internada em uma clinica se recuperando de uma grave doença.

Sua morte foi o preço pago pela própria ignorância; ignorância esta que está impregnada no intimo do ser humano de uma forma geral, mas que, com um pouquinho de esforço e fé em Deus, conseguimos ser mais fortes e vencermos os obstáculos colocados a nossa frente. 



Produzido a partir do documentário “Eu disse a você que eu era uma Droga!” de Amy Winehouse. por Flávia Aparecida Andrade

terça-feira, 26 de junho de 2012

Um Vestido que não Cai bem.

Há quem critique a submissão dos sujeitos, acreditam que é preciso posicionar-se sobre a vida, sobre as questões, sobre as traições.
Porém podemos compreender que não assumir uma posição pode ser uma posição.
O Caso do vestido de Machado de Assis causa indignação em muitos, que mencionam: “como ela pode perdoar”? “Como pode ser tão ingênua”, os críticos esperavam uma postura severa por parte da mulher, que não o quis fazer.
Um vestido que não lhe cai bem, segundo os padrões “estilísticos”, pode vestir elegantemente um outro sujeito.
O vestido é de seu dono e ele faz o uso que achar melhor, se será feliz ou não, somente usando para saber, só nos resta pensar que sempre podemos mudar de vestido se assim desejar, e ninguém tem o direito de criticar, afinal o vestido é seu.

Critica da Daniela Paula. Produzido a partir do poema “ Caso do Vestido” , de Carlos Drummond de Andrade.