É impossível assistir “Os contos proibidos do Marquês de Sade” e não ficar maravilhado com suas cenas. Da risada à tristeza. Assistimos com olhos de alegria e nos comovemos com a sua loucura. Será que a escrita tem esse poder de nos dominar a ponto de trocarmos tudo por um pedaço de pergaminho e uma pena? Vimos o Marquês de Sade abrir mão de toda riqueza, confortos, bebidas e trajes caríssimos pelo simples prazer de escrever. Ele perdeu tudo, e ainda assim não desistiu. Escreveu com tinta, com vinho, sangue, vidro. Até chegar ao ponto de lhe roubarem tudo. Começou então a utilizar excrementos. E aí, concluímos o qual prisioneiro ele era. Mas não era uma prisão visível, tocável, como as paredes do seu quarto. O Marquês de Sade era refém de suas palavras. Precisava a qualquer custo exteriorizá-las ou acabaria surtando. Era como se para manter-se vivo, algo precisava ser colocado nos papéis. Seus contos que em nada agradavam aos poderosos, arrancavam suspiros e mexiam com a imaginação da população que as escondida compravam e liam seus livros. E a “imoralidade”, razão pela qual seus contos não poderiam ser publicados, pouco a pouco se espalhava pelas casas. A realidade despida em sua escrita, não poderia ficar sem castigo. E o Marquês que não se importava com o que pensavam os demais, só queria escrever. Privado da escrita, tendo seus instrumentos retirados de seu alcance, nada mais fazia sentido. Roubar-lhe o direito de escrever era o mesmo que tirar algo tão precioso como a vida.