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Mineira, nascida na pequena cidade de Divinópolis em 13 de dezembro de 1935, Adélia Prado teve uma vida como a de qualquer outra criança, seu pai, João do Prado era ferroviário. Perdera sua mãe na adolescência e é a partir deste acontecimento doloroso que começa a escrever seus primeiros versos. Após terminar o curso de magistério leciona em uma escola estadual ainda na cidade de Divinópolis. Casa-se jovem com José Assunção de Freitas. Ambos ingressam no curso de filosofia, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis.
Ao analisarmos sua vida até aqui percebemos nada mais, nada menos, que uma mulher comum daquela época, que casa-se, tem seus filhos, entretanto nas entre linhas da vida desta mulher alguns autores já ecoam em seu interior, talvez formando o que em breve se seguiria, suas publicações. Cheia de suas leituras como exemplo Drummond, Guimarães Rosa e Clarisse, sente-se pronta a apresentar suas palavras, sua escrita, “...começo a escrever torrencialmente e percebo uma fala minha, diversa da dos autores que amava. É isto, é a minha fala.”
Adélia Prado envia seus poemas ao poeta e crítico literário Affonso Romano de Sant’Anna que por sua vez os encaminha a Carlos Drummond de Andrade, o que vem a seguir resume-se na publicação de suas poesias, livros, antologia, resumindo, sua biografia.
A partir deste ponto em que já se tem uma idéia da pessoa desta grande escritora, por meio de algumas de suas poesias, faremos uma análise da essência de seus textos.
Sedução
A poesia me pega com sua roda dentada, me força a escutar imóvel o seu discurso esdrúxulo. Me abraça detrás do muro, levanta a saia pra eu ver, amorosa e doida.
Acontece a má coisa, eu lhe digo, também sou filho de Deus, me deixa desesperar. Ela responde passando a língua quente em meu pescoço, fala pau pra me acalmar, fala pedra, geometria, se descuida e fica meiga, aproveito pra me safar. Eu corro ela corre mais, eu grito ela grita mais, sete demônios mais forte. Me pega a ponta do pé e vem até na cabeça, fazendo sulcos profundos. É de ferro a roda dentada dela.
Em suas poesias Adélia Prado conseguiu de forma simples e única transmitir os sentimentos que a maioria das mulheres experimenta na vida, amor, paixões, casamento, é o que se percebe marcante em suas poesias, às vezes sentimentos de uma adolescente, às vezes o de uma mulher madura, mas sempre marcado pelos traços do mundo feminino.
AMOR FEINHO
Eu quero amor feinho. Amor feinho não olha um pro outro. Uma vez encontrado, é igual fé, não teologa mais. Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo e filhos tem os quantos haja. Tudo que não fala, faz. Planta beijo de três cores ao redor da casa e saudade roxa e branca, da comum e da dobrada. Amor feinho é bom porque não fica velho. Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é: eu sou homem você é mulher. Amor feinho não tem ilusão, o que ele tem é esperança: eu quero amor feinho.
Outra característica marcante de suas poesias é a religião, por diversas vezes nota-se a arte associada aos símbolos e ritos religiosos o que leva o leitor a perceber que a autora teve forte influência religiosa, até mesmo pelas palavras usadas em seus textos que são facilmente encontradas em outros textos que tratam especificamente de religião, não podemos deixar de citar a educação em colégios católicos conforme citado em sua biografia.
Saudação
Ave, Maria!
Ave, carne florescida em Jesus.
Ave, silêncio radioso,
urdidura de paciência
onde Deus fez seu amor inteligível!
Adélia Prado tem sua escrita própria, qualquer leitor que se arriscar a adentrar em suas palavras reconhecerá facilmente seu estilo, se pensarmos que em determinado momento de sua vida colocou suas poesias a prova do grandioso Carlos Drummond de Andrade e que este não só as aprovou como também apresentou a arte dessa escritora da pequena cidade de Divinópolis – MG, à nossa rica cultura brasileira, resta apenas o nosso reconhecimento e agradecimento a esta grande escritora e poeta, Adélia Prado.
Bibliografia Consultada
JÚNIOR, Arnaldo Nogueira. Resumo Biográfico e Bibliográfico Adélia Prado. Disponível em: http://www.releituras.com/aprado_bio.asp. Acesso em 15 de jun. 2012.
MUNDO DAS TRIBOS. Adélia Prado – Biografia, poemas. Site R7 Entretenimento. Disponível em: http://www.mundodastribos.com/adelia-prado-biografia-poemas.html. Acesso em 15 jun. 2012.
PRADO, Adélia. Amor feinho. Site Pensador UOL. Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/autor/adelia_prado/>. Acesso em 06 jun. 2012.
